Legião da Boa Vontade celebra 75 anos com 40 mil cestas de alimentos

No dia 1º de janeiro de 2025, a Legião da Boa Vontade completou 75 anos de existência, marcando sete décadas e meia de ação solidária e ecumênica no Brasil. Fundada em 1º de janeiro de 1950 na cidade do Rio de Janeiro pelo jornalista, radialista e poeta Alziro Zarur, a instituição nasceu no Dia da Paz e da Confraternização Universal, sob a bandeira da fraternidade universal.
Hoje, à frente da organização está José de Paiva Netto, presidente nacional, que conduziu a LBV em múltiplas frentes de atuação social, educacional e espiritual. A comemoração desse marco foi anunciada como o Evento de 75 Anos da Legião da Boa VontadeRio de Janeiro, simbolizando a gratidão a Deus e ao povo brasileiro.
História e fundação
Alziro Zarur, nascido em 1914, sonhava com uma entidade que atravessasse barreiras religiosas. Seu ideal ganhou forma quando, em 1950, reuniu um pequeno grupo de fiéis no centro da Rua do Ouvidor, Rio de Janeiro. A logomarca – um coração azul entrelaçado por 34 elos – faz referência ao versículo João 13:34, "Amai‑vos como Eu vos amei", e ao cântico dos anjos em Lucas 2:14, "Paz na Terra aos homens de Boa Vontade".
Desde então, a LBV espalhou filiais por todos os estados, criando uma rede que hoje conta com mais de 9 mil voluntários. A expansão foi impulsionada por duas pedagogias próprias: a Pedagogia do Afeto, voltada para crianças de até 10 anos, e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico, voltada para jovens, adultos e idosos.
Marcos estruturais: Templo da Boa Vontade e ParlaMundi
Em 25 de maio de 1985, durante o 10º Congresso da Mulher Legionária, realizado no Ginásio de Esportes do Clube Ginástico Afonso Peña, em Belo Horizonte, Paiva Netto lançou o desafio de construir o Templo da Boa Vontade (TBV). "Promessa que o nosso amigo Zarur fez é uma promessa nossa", afirmou, provocando um retumbante "Topamos!" da plateia.
O TBV ergueu‑se como centro de convivência e oração, e, cinco anos depois, em 1994, outro projeto ganhou vida: o Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica (ParlaMundi), instalado em Brasília. O parlamento funciona como fórum de diálogo inter‑religioso e discussões sobre políticas de assistência social.

Ações recentes: cestas de Natal e plantão espiritual
No Natal de 2024, a LBV superou o próprio desafio: mais de 40 mil cestas de alimentos foram entregues em todo o país, atingindo regiões Norte, Nordeste, Centro‑oeste, Sudeste e Sul. "Foi um ato de fé e amor ao próximo", declarou Paiva Netto ao final da campanha.
Paralelamente, o Plantão de Assistência Espiritual Caridade Completa realizou 11.274 atendimentos entre julho de 2023 e junho de 2024, oferecendo visitas a abrigos, orações coletivas, aulas de Moral Ecumênica e mutirões de limpeza, tanto presencialmente quanto via internet.
Essas iniciativas foram possíveis graças a uma combinação de doações particulares, parcerias com empresas como a Caixa Econômica Federal e apoio de voluntários que dedicam mais de 250 mil horas por ano ao serviço.
Impacto social e avaliações de especialistas
Segundo a pesquisadora de políticas públicas Mariana Lopes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, "a presença da LBV nas áreas vulneráveis reduz índices de insegurança alimentar em até 15% nas regiões onde há atuação contínua". Ela destaca ainda que o enfoque nas pedagogias do afeto fortalece o vínculo familiar e diminui a evasão escolar.
O sociólogo Carlos Menezes ressalta que a lógica ecumênica da entidade favorece a cooperação entre diferentes crenças, algo ainda raro no panorama religioso brasileiro.

Desafios e perspectivas para o futuro
Apesar dos sucessos, a LBV encara desafios: manter a captação de recursos em tempos de crise econômica e ampliar sua presença internacional, já que hoje conta com filiais em Portugal, Angola e Guiné‑Bissau. Paiva Netto projeta, nos próximos cinco anos, a construção de um novo centro de formação de voluntários na região Norte, além da digitalização completa dos cursos pedagógicos.
O presidente ainda reforçou: "Jamais desanimar! Esta celebração de 75 anos é prova inequívoca de que vale a pena viver e trabalhar por Jesus incessantemente".
FAQ
Como a LBV financia as cestas de alimentos?
A maior parte dos recursos vem de doações de fiéis, campanhas de arrecadação em parceria com bancos e empresas, além de eventos beneficentes. Parte do orçamento anual da organização é destinado especificamente a ações de assistência alimentar, garantindo transparência nos relatórios financeiros.
Qual a importância do Templo da Boa Vontade para a comunidade?
O TBV funciona como ponto de encontro inter‑religioso, oferecendo salas de oração, cursos gratuitos, atendimentos psicológicos e apoio jurídico. Sua arquitetura aberta simboliza a ideia de portas sempre abertas para quem busca amizade e assistência.
Quantas unidades a LBV possui no Brasil?
Hoje a Legião conta com mais de 240 unidades espalhadas pelos 27 estados, incluindo casas de apoio, centros de treinamento e salas de atendimento espiritual, além de 12 núcleos no exterior.
Qual a diferença entre a Pedagogia do Afeto e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico?
A Pedagogia do Afeto foca no desenvolvimento emocional e moral de crianças até 10 anos, usando atividades lúdicas e reforço positivo. Já a Pedagogia do Cidadão Ecumênico visa formar adolescentes e adultos como agentes de transformação social, combinando valores éticos, formação cívica e prática de voluntariado.
Quais são os próximos planos da LBV para comemorar os 75 anos?
Além da campanha nacional de doação de alimentos, a organização prepara uma série de eventos culturais em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, além de lançamentos de novos materiais educativos digitais e a inauguração de um centro de formação de voluntários no Pará, previsto para o segundo semestre de 2025.
1 Comentários
Savaughn Vasconcelos
Ao celebrarmos setenta e cinco anos da Legião da Boa Vontade, somos convidados a refletir sobre a duradoura intersecção entre fé e ação social.
O gesto de distribuir quarenta mil cestas transcende a mera assistência alimentar; ele simboliza um pacto de solidariedade que ecoa nas ruas do Brasil.
Qual será o legado duradouro dessa prática quando a nova geração de voluntários assumir a tocha?
É imperativo que as pedagogias do afeto e do cidadão ecumênico evoluam para atender às demandas contemporâneas.
Assim, a celebração não é apenas uma festa, mas um ponto de partida para transformações ainda maiores.