Anvisa proíbe Ouro Negro e mais 21 marcas de azeite em 2025; glitter plástico e suplementos ilegais também são retirados

nov 22, 2025

Anvisa proíbe Ouro Negro e mais 21 marcas de azeite em 2025; glitter plástico e suplementos ilegais também são retirados

Anvisa proíbe Ouro Negro e mais 21 marcas de azeite em 2025; glitter plástico e suplementos ilegais também são retirados

A Anvisa retirou do mercado brasileiro o azeite Ouro Negro na segunda-feira, 20 de novembro de 2025, após confirmar que a importadora, Intralogística Distribuidora Concept Ltda, tinha o CNPJ suspenso pela Receita Federal. O produto, cuja origem não foi comprovada, tornou-se a 22ª marca de azeite proibida no ano — um recorde em apenas 11 meses. A ação faz parte de uma onda de fiscalização sem precedentes, que já resultou em mais de 70 suspensões de azeites e lotes desde o início de 2024. Mas o escopo da Anvisa vai muito além do óleo: glitter com plástico, suplementos falsificados e até café adulterado estão entre os itens que foram apreendidos em operações coordenadas em todo o país.

Um azeite sem origem, uma rede de fraude

O azeite Ouro Negro foi encontrado em lojas de bairro, supermercados e até em e-commerce, vendido como "extra virgem" e "importado da Itália". Mas a análise da Anvisa revelou que o rótulo escondia uma realidade mais sombria: a empresa importadora não estava registrada para operar no Brasil. A Intralogística Distribuidora Concept Ltda tinha o CNPJ cancelado desde abril de 2024 — algo que, por lei, impede qualquer atividade comercial. Ainda assim, o produto continuou circulando. Isso não é isolado. Desde 2024, a Anvisa e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) mantêm listas cruzadas de produtos irregulares, e muitas marcas aparecem em ambas. A preocupação não é só fiscal: a falta de rastreabilidade significa que o azeite pode ter sido misturado com óleos baratos, contaminado por fungos ou até envelhecido com produtos químicos. O consumidor, em muitos casos, nem sabe que está pagando por um produto que não é o que diz ser.

Glitter plástico na comida: o que ninguém queria ver

Na quinta-feira, 13 de novembro, a Anvisa deu um susto em toda a indústria de festas. Quatro marcas de "glitter comestível" foram suspensas — Glitter Glow e Glitter Shine, da Iceberg Chef; e Glitter Para Decoração, da FAB Indústria e Comércio de Produtos para Artes e Festas Ltda (CNPJ: 25.237.254/0001-59). Além disso, foram proibidos os produtos rotulados como "Flocos de Ouro", "Flocos de Prata" e "Flocos Rose Gold", que continham um ingrediente misterioso: "metal de transição laminado atômico 99". Nenhum desses materiais é aprovado para consumo. O que parecia uma tendência fofo de decoração de bolos virou risco de intoxicação. Relatos em redes sociais — especialmente de mães que usavam o glitter em cupcakes de aniversário — acenderam o alerta. Até agora, 16 marcas foram identificadas como "glitter comestível"; quatro foram comprovadamente plástico. As outras 12 ainda estão sob investigação. A Anvisa já notificou os principais e-commerces para remover anúncios, mas o problema é que muitos vendedores usam nomes genéricos como "glitter para doces" para enganar.

Suplementos que matam: Gold Labs e Nutrivitalle

Na última segunda-feira, 25 de novembro, a Anvisa publicou a resolução 3.250, assinada pelo diretor-geral de Inspeção Sanitária, Marcus Aurélio Miranda de Araújo. O documento proibiu dois suplementos: Gold Labs e Nutrivitalle. O primeiro era vendido com promessas de "emagrecimento rápido", "aumento de massa muscular" e até "cura de diabetes" — tudo sem comprovação científica e com substâncias não autorizadas. Relatos de pacientes com palpitações e crises de hipertensão já haviam sido registrados. Já o Nutrivitalle, apesar de ter emitido uma nota dizendo que "substituiu seu fornecedor", foi pego operando sem registro, com probióticos sem autorização e em uma fábrica desconhecida. O rótulo listava uma empresa que nem existia. Isso não é negligência — é fraude organizada. O pior? Muitos desses suplementos são comprados por idosos e atletas amadores que confiam no nome da marca, sem saber que não há fiscalização real por trás.

Café, whey e mais: a cadeia inteira em risco

A Anvisa não parou por aí. Em uma operação entre 15 e 17 de setembro, inspetores invadiram a fábrica da Axis Nutrition Indústria e Comércio de Alimentos Ltda e encontraram caos: sem responsável técnico, sem controle de água, sem registros de produção, sem rastreabilidade de ingredientes. O resultado? Todos os lotes de Extra Strong — um café torrado e moído — foram apreendidos. Ainda no mesmo dia, foi proibido o whey Whey Isomix Definition da marca Proteus, fabricado pela Nutrimix A. Suplementos SLU. Mas a empresa que realmente vende o produto, Unlimited Alimentos e Suplementos SLU Ltda, afirmou que deixou de produzir em 2024 e não tem nenhuma ligação com a Nutrimix. Ou seja: alguém estava colando rótulos falsos em produtos de outra fábrica — e vendendo como original. E não é só isso: cinco suplementos de uma empresa desconhecida, incluindo Creatine Powder 100% Pure e Nitro Way 3W, foram proibidos por conter "fenugreek" com composição irregular — um ingrediente que, se mal processado, pode causar danos hepáticos.

O que vem a seguir? Plataformas, fiscalização e o consumidor no meio

A Anvisa já notificou Mercado Livre, Amazon, Shopee e Magazine Luiza para remover todos os anúncios de produtos proibidos e entregar dados dos vendedores. Mas o desafio é enorme: milhares de pequenos anunciantes usam nomes diferentes a cada semana. O que é urgente agora é a conscientização. O consumidor não pode confiar só no rótulo. É preciso checar o registro na Anvisa (no site oficial), evitar produtos com preços absurdamente baixos, e denunciar qualquer coisa que pareça suspeita. Ainda há muitos produtos por investigar. E a cada semana, novas marcas são adicionadas à lista.

Frequently Asked Questions

Como saber se um azeite é legal e seguro?

Verifique o registro da Anvisa no site oficial (anvisa.gov.br) digitando o nome da marca ou o lote. Produtos legais têm número de registro e nome do importador registrado. Evite azeites vendidos em feiras, por influenciadores sem CNPJ ou com preços muito abaixo do mercado. O azeite extra virgem genuíno nunca custa menos de R$ 30 o litro. Se for mais barato, provavelmente é misturado ou adulterado.

Glitter comestível realmente existe? Quais são os seguros?

Sim, existem glitteres aprovados, mas só os que têm registro na Anvisa e contêm ingredientes como açúcar, amido de milho ou corantes alimentares autorizados. Produtos que mencionam "metal", "plástico" ou "laminado atômico" são proibidos. Os únicos seguros são os que têm o selo da Anvisa no rótulo e estão listados no banco de produtos autorizados. Nunca use glitter de artesanato em comida — mesmo que diga "comestível".

Por que suplementos ilegais são tão perigosos?

Eles frequentemente contêm substâncias proibidas, como anabolizantes, estimulantes ou hormônios não declarados. Em casos como o Gold Labs, pacientes relataram arritmias, hipertensão e até internações. Como não há controle de qualidade, a dose pode variar de pílula para pílula. Muitos desses produtos são fabricados em laboratórios clandestinos, sem qualquer padrão sanitário. O risco é real, especialmente para idosos e pessoas com doenças crônicas.

O que fazer se comprei um produto proibido?

Descontinue o uso imediatamente. Não jogue fora — leve ao posto de saúde mais próximo ou entre em contato com a Anvisa pelo canal de denúncias (0800-644-4545). Mantenha a nota fiscal e a embalagem. A Anvisa usa essas informações para rastrear a cadeia de distribuição e identificar os responsáveis. Em muitos casos, o consumidor pode ser indenizado se comprovar danos à saúde.

Por que a Anvisa só está agindo agora?

Não é que a ação seja nova — é que aumentou. Desde 2024, com a pressão de denúncias e a integração entre Anvisa, Mapa e Receita Federal, o combate se tornou mais eficiente. A pandemia expôs a fragilidade do mercado de suplementos e alimentos, e agora há mais recursos e tecnologia para rastrear produtos falsificados. A diferença é que, antes, os produtos eram retirados um por um. Hoje, a Anvisa opera em rede, com inspeções simultâneas em várias regiões.

Quais marcas ainda estão sob investigação?

Além das 12 marcas de glitter ainda em análise, a Anvisa está investigando mais de 30 suplementos e 8 marcas de azeite com irregularidades semelhantes às do Ouro Negro. Os nomes ainda não foram divulgados para não prejudicar as investigações, mas a lista será atualizada semanalmente no site da agência. Quem quiser se manter informado pode assinar o alerta de produtos proibidos por e-mail.

Escreva um comentário